O Linfoma de Células do Manto (LCM) é um tipo raro de câncer hematológico que afeta o sistema linfático, caracterizando-se pelo crescimento anormal de células (neoplasia). Classificado como um linfoma não-Hodgkin, o LCM origina-se nos linfócitos, um tipo de glóbulo branco. A neoplasia rara e incurável enfrenta desafios significativos devido à sua complexidade.
Neste agosto verde claro, mês dedicado à sensibilização e combate aos linfomas, é importante ressaltar que apesar de o câncer ser raro e incurável, existem terapias disponíveis que ajudam a prolongar a vida dos pacientes e a melhorar a qualidade de vida. O LCM tem maior prevalência em homens, comumente na faixa etária de 60 a 65 anos. Sintomas incluem como aumento do baço, perda de peso inexplicada, febre, suor noturno, aumento dos linfonodos (principalmente no pescoço, virilha e axilas) e aumento de pólipos intestinais, que podem alterar a cor das fezes e causar dor abdominal.
A maior parte das informações disponíveis vem de estudos realizados em países desenvolvidos, que têm realidade étnica, social e econômica diferente da brasileira. Mesmo com diagnósticos precisos, fatores como o desconhecimento clínico e molecular podem dificultar a estratificação do prognóstico pelos médicos.
Para entender melhor a doença em nosso país, foi fundado em 2019 o Grupo Brasileiro de Linfoma de Células do Manto, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Este grupo é composto por especialistas renomados, incluindo o hematologista Rony Schaffel, Kátia Carneiro de Paula, doutora em biologia molecular, Cristiane Milito (patologista), Nathália Pentagna (pós-graduanda em biologia molecular) e Lara Gallucci (médica). O grupo tem como objetivo desenvolver pesquisas translacionais que conectem a hematologia clínica, a patologia e a biologia molecular.
Com o apoio da FME, por meio do Edital de Projetos em Saúde, lançado em 2023 no contexto dos 25 anos da Fundação, o grupo conduz o estudo “Linfoma de Células do Manto: Correlações entre Dados Clínicos e Genômicos em uma Coorte de Pacientes Brasileiros”. Esse projeto busca implementar o sequenciamento por NGS (Next-Generation Sequencing) para pacientes com LCM dos centros parceiros. Essa abordagem permitirá elucidar as características genéticas desses pacientes, comparar as mutações entre eles e identificar quais têm impacto no prognóstico, na resistência ao tratamento e na sobrevida global.